Relação da insuficiência cardíaca e transtorno de depressão maior e o papel do exercício físico
Revisão - e235608 - Publicado 20 de dezembro de 2024
DOI:
https://doi.org/10.33233/rbfex.v23i3.5608Palavras-chave:
doença cardiovascular, depressão, atividade física, treinamento aeróbicoResumo
Introdução: Insuficiência Cardíaca (IC) e Transtorno de Depressão Maior (TDM) são doenças de elevada incidência, que geram altas taxas de morbidade e mortalidade. Após a pandemia da COVID-19, 246 milhões de pessoas foram diagnosticadas com TDM em todo o mundo, das quais cerca de 11,5 milhões ocorreram no Brasil. Em relação à IC, somente no ano de 2022, foram registradas 192.852 mil internações de emergência no Brasil. A correlação entre estas duas doenças é tão significativa que uma é considerada fator de risco para a outra, provocando um impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes. Objetivo: Diante desse cenário, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica dos mecanismos fisiológicos que estão associados à IC e ao TDM, bem como o efeito do exercício físico na atenuação dos sintomas destas doenças. Métodos: Revisão bibliográfica narrativa com busca nas bases de dados PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Google Acadêmico, utilizando as seguintes palavras-chave em português e inglês: insuficiência cardíaca; depressão; exercício físico; atividade física; treinamento de força; treinamento aeróbico e treinamento combinado. Resultados: Foram selecionados 7 artigos, incluindo estudos observacionais e ensaios clínicos. Os principais mecanismos compensatórios correlatos dessas doenças são a disfunção do sistema nervoso autonômico, a elevação de citocinas inflamatórias, a diminuição da síntese de óxido nítrico e a redução do fluxo sanguíneo cerebral. O exercício físico, sobretudo o treinamento aeróbico, foi responsável por melhorar os sintomas de depressão e função cognitiva, sem alteração significativa dos biomarcadores inflamatórios. Conclusão: Existe uma forte associação entre IC e TDM. Estratégias para mitigação dos sintomas destas doenças devem ser estimuladas para a melhora do desfecho clínico dos pacientes. Desta forma, o exercício físico é uma importante ferramenta no tratamento dos sintomas de pacientes com IC acometidos por TDM, na medida que promove melhorias nos desfechos clínicos relacionados com ambas as doenças.
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