Treinamento de alta intensidade ou contí­nuo?

Autores/as

  • Paulo de Tarso Veras Farinatti UERJ

DOI:

https://doi.org/10.33233/rbfe.v14i4.118

Resumen

Nos últimos tempos, percebe-se uma grande discussão acerca do papel da intensidade do exercí­cio em programas de treinamento direcionados para populações diversas. Recentemente, resultados de estudo realizado por grupo envolvendo pesquisadores do Rio de Janeiro, foram divulgados pela mí­dia impressa e televisiva, o que deu mais impulso ao debate. Naquele estudo, foi proposto que cardiopatas poderiam se beneficiar, em relação a determinados marcadores de eficiência cardiorrespiratória, mais em virtude de treinamento intervalado de alta intensidade do que de programas tradicionais de treinamento contí­nuo.

Esse debate é muito antigo e, no nosso entender, vem perdendo um pouco o foco. Na verdade, não existem grandes novidades no tocante ao treinamento intervalado em si, sistema conhecido e aplicado por profissionais do exercí­cio fí­sico há décadas. Também não se pode dizer que seja inovadora a ideia de que, trabalhando-se com intensidades maiores, adaptações mais rápidas e pronunciadas no sistema cardiorrespiratória devem ocorrer.

O debate desvia-se um pouco de seu eixo, quando a discussão gira em torno de questões já definidas e, de certa forma, consensuais. Por outro lado, a discussão pode contribuir com a prescrição do exercí­cio, quando se consideram as possibilidades de treinar com intensidade maior em contextos diferenciados e o quanto esse tipo de estratégia é palatável e segura para grupos especiais. Tomando-se o estudo supracitado, pelo fato de ter ganhado divulgação e vir sendo citado como exemplo, haveria duas formas de interpretá-lo: a) o treinamento intervalado de alta intensidade deve ser o preferencial para cardiopatas; b) o treinamento intervalado de alta intensidade pode ser realizado por esse tipo de paciente, o que não quer dizer que seja a melhor opção para TODOS os pacientes. Queremos crer que a segunda opção parece mais lógica e equilibrada.

Em prescrição do exercí­cio, notadamente para grupos especiais com histórico de sedentarismo e condições clí­nicas que demandam cuidado, a máxima de que o "ótimo é inimigo do bom" aplica-se perfeitamente. Deve-se entender que a aceitação de rotinas de exercí­cios com alta intensidade nem sempre é boa por indiví­duos sedentários. Além disso, obviamente esse tipo de rotina aumenta muito os riscos de problemas de natureza osteomioarticular, contribuindo para a evasão de programas de exercí­cios. Por outro lado, programas de intensidade moderada e com maior ênfase no volume podem ter melhor aceitação e são, igualmente, capazes de induzir melhorias importantes em marcadores de capacidade e eficiência cardiorrespiratória. Em poucas palavras, entende-se que intensidades superiores provocam adaptações mais rápidas e de maior magnitude, mas isso não significa que não se possam obter efeitos clinicamente relevantes com treinamentos de intensidade menor e maior volume. A cada caso devem caber abordagens diferentes, condizentes com as condições clí­nicas, psicológicas e motivacionais dos praticantes, sejam eles saudáveis ou não.

De qualquer modo, está lançado o convite í  reflexão e discussão sobre o assunto. Convidamos os leitores e pesquisadores que contribuem regularmente com a revista a encaminharem textos sobre a temática, sejam posicionamentos embasados em sua experiência ou relatos de caso, sejam estudos originais acerca do papel relativo da intensidade e volume de treinamento sobre desfechos variados e em grupos diversos. Um debate cientí­fico e profissional de alto ní­vel contribuirá com o crescimento de todos, em benefí­cio último daqueles que são o propósito de nossas intervenções, a saber, nossos alunos e pacientes.

Nos últimos tempos, percebe-se uma grande discussão acerca do papel da intensidade do exercí­cio em programas de treinamento direcionados para populações diversas. Recentemente, resultados de estudo realizado por grupo envolvendo pesquisadores do Rio de Janeiro, foram divulgados pela mí­dia impressa e televisiva, o que deu mais impulso ao debate. Naquele estudo, foi proposto que cardiopatas poderiam se beneficiar, em relação a determinados marcadores de eficiência cardiorrespiratória, mais em virtude de treinamento intervalado de alta intensidade do que de programas tradicionais de treinamento contí­nuo.

Esse debate é muito antigo e, no nosso entender, vem perdendo um pouco o foco. Na verdade, não existem grandes novidades no tocante ao treinamento intervalado em si, sistema conhecido e aplicado por profissionais do exercí­cio fí­sico há décadas. Também não se pode dizer que seja inovadora a ideia de que, trabalhando-se com intensidades maiores, adaptações mais rápidas e pronunciadas no sistema cardiorrespiratória devem ocorrer.

O debate desvia-se um pouco de seu eixo, quando a discussão gira em torno de questões já definidas e, de certa forma, consensuais. Por outro lado, a discussão pode contribuir com a prescrição do exercí­cio, quando se consideram as possibilidades de treinar com intensidade maior em contextos diferenciados e o quanto esse tipo de estratégia é palatável e segura para grupos especiais. Tomando-se o estudo supracitado, pelo fato de ter ganhado divulgação e vir sendo citado como exemplo, haveria duas formas de interpretá-lo: a) o treinamento intervalado de alta intensidade deve ser o preferencial para cardiopatas; b) o treinamento intervalado de alta intensidade pode ser realizado por esse tipo de paciente, o que não quer dizer que seja a melhor opção para TODOS os pacientes. Queremos crer que a segunda opção parece mais lógica e equilibrada.

Em prescrição do exercí­cio, notadamente para grupos especiais com histórico de sedentarismo e condições clí­nicas que demandam cuidado, a máxima de que o "ótimo é inimigo do bom" aplica-se perfeitamente. Deve-se entender que a aceitação de rotinas de exercí­cios com alta intensidade nem sempre é boa por indiví­duos sedentários. Além disso, obviamente esse tipo de rotina aumenta muito os riscos de problemas de natureza osteomioarticular, contribuindo para a evasão de programas de exercí­cios. Por outro lado, programas de intensidade moderada e com maior ênfase no volume podem ter melhor aceitação e são, igualmente, capazes de induzir melhorias importantes em marcadores de capacidade e eficiência cardiorrespiratória. Em poucas palavras, entende-se que intensidades superiores provocam adaptações mais rápidas e de maior magnitude, mas isso não significa que não se possam obter efeitos clinicamente relevantes com treinamentos de intensidade menor e maior volume. A cada caso devem caber abordagens diferentes, condizentes com as condições clí­nicas, psicológicas e motivacionais dos praticantes, sejam eles saudáveis ou não.

De qualquer modo, está lançado o convite í  reflexão e discussão sobre o assunto. Convidamos os leitores e pesquisadores que contribuem regularmente com a revista a encaminharem textos sobre a temática, sejam posicionamentos embasados em sua experiência ou relatos de caso, sejam estudos originais acerca do papel relativo da intensidade e volume de treinamento sobre desfechos variados e em grupos diversos. Um debate cientí­fico e profissional de alto ní­vel contribuirá com o crescimento de todos, em benefí­cio último daqueles que são o propósito de nossas intervenções, a saber, nossos alunos e pacientes.

Nos últimos tempos, percebe-se uma grande discussão acerca do papel da intensidade do exercí­cio em programas de treinamento direcionados para populações diversas. Recentemente, resultados de estudo realizado por grupo envolvendo pesquisadores do Rio de Janeiro, foram divulgados pela mí­dia impressa e televisiva, o que deu mais impulso ao debate. Naquele estudo, foi proposto que cardiopatas poderiam se beneficiar, em relação a determinados marcadores de eficiência cardiorrespiratória, mais em virtude de treinamento intervalado de alta intensidade do que de programas tradicionais de treinamento contí­nuo.

Esse debate é muito antigo e, no nosso entender, vem perdendo um pouco o foco. Na verdade, não existem grandes novidades no tocante ao treinamento intervalado em si, sistema conhecido e aplicado por profissionais do exercí­cio fí­sico há décadas. Também não se pode dizer que seja inovadora a ideia de que, trabalhando-se com intensidades maiores, adaptações mais rápidas e pronunciadas no sistema cardiorrespiratória devem ocorrer.

O debate desvia-se um pouco de seu eixo, quando a discussão gira em torno de questões já definidas e, de certa forma, consensuais. Por outro lado, a discussão pode contribuir com a prescrição do exercí­cio, quando se consideram as possibilidades de treinar com intensidade maior em contextos diferenciados e o quanto esse tipo de estratégia é palatável e segura para grupos especiais. Tomando-se o estudo supracitado, pelo fato de ter ganhado divulgação e vir sendo citado como exemplo, haveria duas formas de interpretá-lo: a) o treinamento intervalado de alta intensidade deve ser o preferencial para cardiopatas; b) o treinamento intervalado de alta intensidade pode ser realizado por esse tipo de paciente, o que não quer dizer que seja a melhor opção para TODOS os pacientes. Queremos crer que a segunda opção parece mais lógica e equilibrada.

Em prescrição do exercí­cio, notadamente para grupos especiais com histórico de sedentarismo e condições clí­nicas que demandam cuidado, a máxima de que o "ótimo é inimigo do bom" aplica-se perfeitamente. Deve-se entender que a aceitação de rotinas de exercí­cios com alta intensidade nem sempre é boa por indiví­duos sedentários. Além disso, obviamente esse tipo de rotina aumenta muito os riscos de problemas de natureza osteomioarticular, contribuindo para a evasão de programas de exercí­cios. Por outro lado, programas de intensidade moderada e com maior ênfase no volume podem ter melhor aceitação e são, igualmente, capazes de induzir melhorias importantes em marcadores de capacidade e eficiência cardiorrespiratória. Em poucas palavras, entende-se que intensidades superiores provocam adaptações mais rápidas e de maior magnitude, mas isso não significa que não se possam obter efeitos clinicamente relevantes com treinamentos de intensidade menor e maior volume. A cada caso devem caber abordagens diferentes, condizentes com as condições clí­nicas, psicológicas e motivacionais dos praticantes, sejam eles saudáveis ou não.

De qualquer modo, está lançado o convite í  reflexão e discussão sobre o assunto. Convidamos os leitores e pesquisadores que contribuem regularmente com a revista a encaminharem textos sobre a temática, sejam posicionamentos embasados em sua experiência ou relatos de caso, sejam estudos originais acerca do papel relativo da intensidade e volume de treinamento sobre desfechos variados e em grupos diversos. Um debate cientí­fico e profissional de alto ní­vel contribuirá com o crescimento de todos, em benefí­cio último daqueles que são o propósito de nossas intervenções, a saber, nossos alunos e pacientes.

Biografía del autor/a

Paulo de Tarso Veras Farinatti, UERJ

Professor do Departamento de Educação Fí­sica, UERJ,  Editor-Chefe da Revisdta Brasileira de Fisiologia do exercí­cio (RBFEx)

Publicado

2016-05-14