Triagem para RED-S em corredoras de rua: um alerta para deficiência energética relativa no esporte
Artigo original - e235602 - Publicado 20 de dezembro de 2024
DOI:
https://doi.org/10.33233/rbfex.v23i3.5602Palavras-chave:
deficiência de energia relativa no esporte, corrida, ingestão de energia, ciclo menstrual, densidade óssea, sistema digestórioResumo
Introdução: A síndrome de Deficiência de Energia Relativa no Esporte (RED-S) tornou-se problema relevante para atletas de endurance, sendo a baixa disponibilidade de energia (LEA) sua principal causa. Não há padrão ouro para diagnóstico, mas em 2023 o 3º consenso internacional sobre o tema sugeriu novo protocolo. Objetivo: Objetivou-se avaliar o risco de LEA em corredoras de rua para triar atletas em risco para RED-S, e caracterizar volume semanal de treinamento. Métodos: Estudo observacional transversal realizado com 34 mulheres corredoras de rua (33,3 ± 5,8 anos de idade, 6,2 anos de experiência em treinamento, IMC 23,2 ± 2,9), cujo risco de LEA foi avaliado pelo Low Energy Availability in Females Questionnaire (LEAF-Q). O corte para classificação de risco consiste em ≥8 de pontuação total, com destaque para pontuação ≥ 2 para a subescala de lesões, ≥ 2 para a subescala de função gastrointestinal, e ≥ 4 para a subescala de função menstrual. Resultados: A prevalência de risco de LEA foi 23,5%; dentre as oito atletas identificadas com risco, 75% apresentaram elevadas pontuações para mais de uma subescala. A disfunção menstrual apresentou pontuação ≥4 em 75% das classificadas com risco. Embora não tenha sido encontrada correlação significativa entre o risco de LEA e volume e frequência de treinamento, as maiores prevalências de risco foram identificadas entre atletas com volume semanal entre 41-45 km. Conclusão: Os resultados indicam elevada prevalência de risco de LEA entre as corredoras de endurance, sugerindo a importância da triagem para RED-S e a necessidade de dar continuidade aos processos diagnósticos nessa população.
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