Influência da pandemia de COVID-19 no surgimento de burnout em fisioterapeutas de unidades de terapia intensiva
DOI:
https://doi.org/10.33233/fb.v24i3.5445Palavras-chave:
Desempenho laboral, fisioterapeutas, COVID-19, Esgotamento profissional, pandemiaResumo
Introdução: A pandemia de COVID-19 mudou drasticamente a rotina de trabalho dos fisioterapeutas que atuaram na linha de frente em unidades de terapia intensiva, como também resultou impactos emocionais duradouros nestes profissionais. Objetivo: Analisar a influência da pandemia de COVID-19 no desempenho laboral e emocional de fisioterapeutas que atuaram em unidades de terapia intensiva. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, realizado em fisioterapeutas de ambos os sexos e todas as idades. Foram entrevistados 136 fisioterapeutas, sendo utilizados dois questionários, o primeiro referente as características profissionais e comportamentais, e o segundo sobre as condições físicas e psíquicas avaliada pelo índice de Burnout em diferentes instituições, sendo utilizado a ANOVA de duas vias, seguido do pós-teste de Tukey para diferença entre os sexos e instituições. Resultados: A experiência profissional em terapia intensiva foi relatada por 93,6% dos fisioterapeutas, e 47,1% já exerciam atividade há mais de 10 anos, 64% relataram carga horária semanal de trabalho entre 30 e 60 horas, mesmo assim 80,1% não consideraram justo o somatório das remunerações. O percentual de fisioterapeutas com algum nível de síndrome de Burnout foi de 85%. Não houve diferença da síndrome de Burnout entre os sexos (p = 0,474), já a alocação dos profissionais em instituições federais e particular mostrou diferença para o aparecimento da síndrome (p < 0,001). Conclusão: O excesso de carga horária semanal de trabalho em instituições hospitalares favorece o estresse físico e emocional, podendo desencadear síndrome de Burnout, impactando na saúde mental, produtividade laboral e afastamento do trabalho de fisioterapeutas intensivistas.
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