Avaliação fisioterapêutica do paciente oncológico hospitalizado

Authors

  • Fabrí­cio Edler Macagnan UFCSPA
  • Rafael Ailton Fattori UFCSPA
  • Jordan Boeira dos Santos UFCSPA
  • Carine Lumi UFCSPA
  • Priscila De Toni UFCSPA
  • Adriana Kessler UFCSPA

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v18i4.1216

Abstract

O atendimento fisioterapêutico do paciente oncológico é uma tarefa que desafia o conhecimento, principalmente quando se trata em ambiente hospitalar. Recursos tecnológicos de alta complexidade são essenciais tanto para o diagnóstico quanto para o manejo clí­nico desses pacientes que apresentam grande diversidade de repercussões fisiopatológica, exigindo raciocí­nio ágil e embasamento teórico sólido e atualizado. Do ponto de vista motor, mais especificamente no âmbito da funcionalidade, a variabilidade de apresentações clinicamente possí­veis de serem encontradas neste ambiente é praticamente impossí­vel de ser descrita ou mesmo estimada. Levando em consideração as possí­veis combinações entre problemas neuromusculares, musculoesqueléticos, cardiopulmonares há inúmeras possibilidades de prejuí­zo funcional. É perfeitamente plausí­vel presumir que as alterações da funcionalidade sejam tão variadas que a probabilidade de encontrar padrões definidos seja muito pequena.

            Ainda assim, como se não bastasse a enorme complexidade envolvida no atendimento hospitalar, o fisioterapeuta é exigido ao máximo de sua capacidade tendo que acompanhar um grande número de casos ao longo da jornada diária de trabalho. Descontando o tempo dispendido no deslocamento, acesso às informações do prontuário, cuidados com o controle e prevenção de infecções e posterior registro da evolução do tratamento fisioterapêutico, sobra pouco tempo de contato efetivo com o doente. Nas enfermarias onde há alta rotatividade (unidades pós-operatórias), o tempo de internação menor acaba por reduzir o tempo de contato com o paciente.

            Desta maneira, fica claro perceber a necessidade da fluidez de raciocí­nio clí­nico e alto poder de discernimento investigativo para encontrar com precisão e rapidez a relação de nexo causal entre os processos fisiopatológicos e as disfunções orgânicas envolvidas com a limitação do movimento humano. Diante desse panorama, surgem algumas questões importantes: 1) Como avançar de forma efetiva no tratamento da funcionalidade dos pacientes hospitalizados? 2) Como avaliar as reais necessidades funcionais? 3) Com tão pouco tempo para avaliar as demandas dos doentes, como definir e desenvolver adequadamente as condutas terapêuticas mais pertinentes? 4) O que esperar do planejamento da reabilitação funcional?

            O que se vê hoje em dia vai na contramão do processo de qualificação da atuação fisioterapêutica. Na verdade, o constante detrimento da qualidade em prol da quantidade de atendimentos, pouco valoriza o processo da reabilitação funcional que, geralmente, conta com escassos recursos fí­sicos/tecnológicos além de ser extremamente mal remunerado. Os gestores dos serviços de fisioterapia hospitalar normalmente precisam administrar, com muita eficiência, os altos gastos envolvidos nos encargos trabalhistas, operando muitas vezes com déficit financeiro e muita insatisfação da equipe. Fatalmente, essa indesejada realidade, tanto estrutural quanto funcional, acaba reduzindo o interesse dos fisioterapeutas em trabalhar no ambiente hospitalar.

            Na tentativa de melhorar o processo de avaliação e, dessa forma, a estruturação do programa de reabilitação do paciente oncológico hospitalizado é perfeitamente cabí­vel a utilização de instrumentos que facilitem a comunicação entre teoria e prática. Em função disso, estamos propondo um modelo de avaliação de estruturas e funções corporais que elenca as principais informações clí­nicas envolvidas nas sí­ndromes paraneoplásicas assim como os principais efeitos adversos relacionados aos diferentes tratamentos oncológicos (quimioterapia, hormonioterapia, radioterapia e cirurgia). Esperamos que essa proposta de avaliação fí­sica funcional em oncologia (AFFO) possa contribuir no processo de avaliação (AV) e reavaliação (R) fisioterapêutica com vistas a fomentar avanço no processo de reabilitação funcional do paciente oncológico hospitalizado.

Author Biographies

Fabrí­cio Edler Macagnan, UFCSPA

D.Sc., Professor do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Tutor no programa de Residência Multiprofissional Integrada em Saúde (REMIS) com ênfase em Onco-Hematologia na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA)

Rafael Ailton Fattori, UFCSPA

Fisioterapeuta, Residente no Programa REMIS/UFCSPA com ênfase em Onco-Hematologia

Jordan Boeira dos Santos, UFCSPA

Fisioterapeuta, Residente no Programa REMIS/UFCSPA com ênfase em Onco-Hematologia

Carine Lumi, UFCSPA

Fisioterapeuta, Residente no Programa REMIS/UFCSPA com ênfase em Onco-Hematologia

Priscila De Toni, UFCSPA

Fisioterapeuta, Residente no Programa REMIS/UFCSPA com ênfase em Onco-Hematologia

Adriana Kessler, UFCSPA

D.Sc., Professor do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA),Tutor no programa de Residência Multiprofissional Integrada em Saúde (REMIS) com ênfase em Onco-Hematologia na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (ISCMPA)

References

Vargus-Adams JN, Majnemer A. International Classification of Functioning Disability and Health (ICF) as a framework for change: Revolutionizing Rehabilitation. Journal of Child Neurology 2014;29(8)1030-38.

Finkelstein DM, Cassileth BR, Bonomi PD, Ruckdeschel JC, Ezdinli EZ, Wolter JM. A pilot study of the Functional Living Index-Cancer (FLIC) Scale for the assessment of quality of life for metastatic lung cancer patients. An Eastern Cooperative Oncology Group study. Am J Clin Oncol 1988;11(6):630-3.

Verger E, Salamero M, Conill C. Can Karnofsky performance status be transformed to the Eastern Cooperative Oncology Group scoring scale and vice versa? Eur J Cancer 1992;28A(8-9):1328-30.

de Kock I, Mirhosseini M, Lau F, Thai V, Downing M, Quan H, Lesperance M, Yang J. Conversion of Karnofsky Performance Status (KPS) and Eastern Cooperative Oncology Group Performance Status (ECOG) to Palliative Performance Scale (PPS), and the interchangeability of PPS and KPS in prognostic tools. J Palliat Care 2013;29(3):16.

Published

2017-10-05