Efeitos da fisioterapia aquática na função motora de indiví­duos com paralisia cerebral: ensaio clí­nico randomizado

Authors

  • Luize Bueno de Araujo UFPR
  • Talita de Castro Silva UNIFESP
  • Laí­s Cardoso Oliveira UFSCAR
  • Lilian C Tomasetto UNIP
  • Mirna S Kanashiro UNIFESP
  • Douglas Martins Braga UNIFESP

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v19i5.2149

Abstract

Objetivo: Avaliar os efeitos de um protocolo terapêutico para controle de tronco em ambiente aquático e sua repercussão na função motora de indiví­duos com Paralisia Cerebral (PC) diparética espástica, classificados no ní­vel II ou III do GMFCS. Métodos: Trata-se de um ensaio clí­nico randomizado, estratificado e cego. Os participantes foram selecionados por meio de triagem dos prontuários do banco de dados da Clí­nica de PC da instituição. Da triagem de 1.599 prontuários, 20 crianças foram incluí­das e 16 finalizaram o estudo. Os pacientes foram alocados por estratificação pelo ní­vel do GMFCS em grupo controle (GC) que realizou fisioterapia convencional e grupo intervenção (GI) que realizou o protocolo de exercí­cios aquáticos. Ambos os grupos foram submetidos í  avaliação pré e pós-intervenção com os seguintes instrumentos: Gross Motor Function Measurement (GMFM), Trunk Control Measurement Scale (TCMS), Eletromiografia de superfí­cie (EMG) dos músculos reto abdominal e latí­ssimo do dorso, Teste de Caminhada de 6 minutos (TC6), Timed up and Go (TUG), Escala Visual Analógica (EVA) da marcha, Flexômetro de Wells e Child Health Questionnaire (CHQ) PF-50. Resultados: A amostra apresentou-se homogênea para as análises. Na análise intergrupo observa-se melhora no equilí­brio dinâmico sentado (p = 0,001) e reações de equilí­brio (p=0,015) para o GI, houve melhora da flexibilidade da musculatura posterior do tronco e membros inferiores no GC (p = 0,017), para os demais instrumentos não teve diferença significativa nas análises intergrupos. Na análise intragrupo para o GI, constatou melhora no equilí­brio estático e dinâmico do tronco nas três subescalas da TCMS, equilí­brio estático sentado (p= 0,033), equilí­brio dinâmico sentado (p = 0,012) e reações de equilí­brio (p = 0,027), assim como para a pontuação total da escala (p = 0,012); no GMFM, o aumento da pontuação das dimensões D (p = 0,012) e E (p = 0,020), bem como a média das três dimensões (p = 0,012); na EMG observa-se melhora da ativação muscular para o músculo LD; melhora da dor (p = 0,026); ambos os grupos melhoraram significativamente (p = 0,012) a distância percorrida no TC6 e o tempo no TUG, GC (p = 0,017) e GI (p = 0,036). Conclusão: O protocolo de exercí­cios aquáticos apresentou benefí­cios para o controle de tronco de indiví­duos com PC diparética espástica classificados no ní­vel II ou III do GMFCS sendo efetivo na melhora das reações de equilí­brio e no equilí­brio dinâmico.

Palavras-chave: paralisia cerebral, hidroterapia, tronco.

Author Biographies

Luize Bueno de Araujo, UFPR

Doutoranda em Atividade Fí­sica e Saúde e Mestre em Comportamento Motor pelo Departamento de Educação Fí­sica da UFPR

Talita de Castro Silva, UNIFESP

Ft., UNIFESP, São Paulo/SP

Laí­s Cardoso Oliveira, UFSCAR

Ft., Especialista em intervenção em neuropediatria pela UFSCAR

Lilian C Tomasetto, UNIP

UNIP

Mirna S Kanashiro, UNIFESP

Especialista em Fisioterapia motora hospitalar e ambulatorial em neurologia pela UNIFESP/EPM

Douglas Martins Braga, UNIFESP

Mestrando em Neurologia e Neurociências UNIFESP/EPM

References

Heyrman L, Desloovere K, Molenaers G, Verheyden G, Klingels K, Monbaliu E, Feys H. Clinical characteristics of impaired trunk control in children with spastic cerebral palsy. Res Dev Disabil 2013;34(1):327-34. doi: 10.1016/j.ridd.2012.08.015

Gomes AL. Influência da actividade do tronco inferior na sequência de activação muscular proximal durante o passo (fase de apoio) – em crianças com quadro motor de diplegia [Dissertação]. Porto: Instituto Politécnico do Porto, Escola Superior de Tecnologia da Saúde; 2010; 99.

Chong J, Mackey AH, Broadbent E, Stott NS. Relationship between walk tests and parental reports of walking abilities in children with cerebral palsy. Arch Phys Med Rehabil 2011;92(2):265-70. doi: 10.1016/j.apmr.2010.10.010

Bax M, Goldstein M, Rosenbaum P, Leviton A, Paneth N. Dan B, et al. Proposed definition and classification of Cerebral Palsy. Dev Med Child Neurol 2005;47(8):571-6.

Pin T, Dyke P, Chan M. The effectiveness of passive stretching in children with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol 2006;48(10):855-62. doi: 10.1017/S0012162206001836

Wiart L, Darrah J, Kembhavi G. Stretching with children with cerebral palsy: what do we know and where are we going? Pediatr Phys Ther 2008;20(2):173-8. doi: 10.1097/PEP.0b013e3181728a8c

Hacmon RR, Krasovsky T, Lamontagne A, Levin MF. Deficits in intersegmental trunk coordination during walking are related to clinical balance and gait. J Neurol Phys Ther 2012;36(4):173-81. doi: 10.1097/NPT.0b013e31827374c1.

Ballaz L, Plamondon S, Lemay M. Group aquatic training improves gait efficiency in adolescents with cerebral palsy. Disabil Rehabil 2011;33(17-18):1616-24. doi: 10.3109/09638288.2010.541544

Chrysagis N, Douka A, Nikopoulos M, Apostolopoulou F, Koutsouki D. Effects of an aquatic program on gross motor function children with spastic cerebral palsy. Biology of exercise. 2009;5(2):13-25. doi.org/10.4127/jbe.2009.0027

Carregaro RL, Toledo AM. Efeitos fisiológicos e evidências científicas da eficácia da fisioterapia aquática. Revista Movimenta 2008;1(1):23-7.

OMS. Organização Mundial de Saúde. Classificação Internacional de Funcionalidade (Tradução em português), 2003 [citado 2017 Out 13]. Disponível em: <http://arquivo.ese.ips.pt/ese/cursos/edespecial/CIFIS.pdf>.

Heyrman L, Molenaers G, Desloovere K, Verheyden G, De Cat J, Monbaliu E, Feys H. A clinical tool to measure trunk control in children with cerebral palsy: The Trunk Control Measurement Scale. Res Dev Disabil 2011;32(6):2624-35. doi: 10.1016/j.ridd.2011.06.012

Russell DJ, Avery LM, Rosenbaum PL, Raina PS, Walter SD, Palisano RJ. Improved scaling of the gross motor function measure for children with cerebral palsy: evidence of reliability and validity. Phys Ther 2000;80(9):873-85.

De Luca CJ. The use of surface electromyography in biomechanics. J Appl Biomech 1997;13:135-163.

Thompson P, Beath T, Bell J, Jacobson G, Phair T, Salbach NM, Wright FV. Test-retest reliability of the 10-meter fast walk test and 6-minute walk test in ambulatory school aged children with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol 2008;50:370-6. doi: 10.1111/j.1469-8749.2008.02048.x

Williams EN, Carroll SG, Reddihough DS, Phillips BA, Galea MP. Investigation of the timed ‘up & go’ test in children. Dev Med Child Neurol 2005;47(8):518-24.

Parkin D, Devlin N. Is there a case for using visual analogue scale valuations in cost-utility analysis? Health Econ 2006;15(7):653-64. http://doi: 10.1002/hec.1086

Espindula AP, Jammal MP, Guimarães CSO, Abate DTRS, Reis MA, Teixeira VPA. Avaliação da flexibilidade pelo método do flexômetro de Wells em crianças com paralisia cerebral submetidas a tratamento hidroterapêutico: estudo de casos. Acta Sci Health Sci 2010;32(2):163-67. doi: 10.4025/actascihealthsci.v32i2.8019

Morales NMO. Avaliação transversal da qualidade de vida em crianças e adolescentes com paralisia cerebral por meio de um instrumento genérico (CHQ-PF50) [Dissertação]. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia; 2005; p.119.

Cole A, Becker B, editors. Comprehensive aquatic therapy. 2 ed. Philadelphia: Elsevier; 2004.

Heyrman L, Feys H, Molenaers G, Jaspers E, Monari D, Meyns P, Desloovere K. Three-dimensional head and trunk movement characteristics during gait in children with spastic diplegia. Gait Posture 2013;38(4):770-6. doi: 10.1016/j.gaitpost.2013.03.019

Chong J, Mackey AH, Broadbent E, Stott NS. Relationship between walk tests and parental reports of walking abilities in children with cerebral palsy. Arch Phys Med 2011;92:265-70. doi: 10.1016/j.apmr.2010.10.010

Nicolini-Panisson RD, Donadio MV. Timed “Up & Go†test in children and adolescents. Rev Paul Pediatr 2013;31(3):377-83. doi:10.1590/S0103-05822013000300016

Pin T, Dyke P, Chan M. The effectiveness of passive stretching in children with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol 2006;48(10):855-62. doi: 10.1017/S0012162206001836

Pagnussat AS, Simon AS, Santos CG, Postal M, Manacero S, Ramos RR. Atividade eletromiográfica dos extensores de tronco durante manuseio pelo Método Neuroevolutivo Bobath. Fisioter Mov 2013;26(4):855-62. doi:10.1590/S0103-51502013000400014

Fragala-Pinkham MA, Dumas HM, Barlow CA, Pasternak A. An aquatic physical therapy program at a pediatric rehabilitation hospital: A case series. Pediatr Phys Ther 2009;21(1):68-78. doi: 10.1097/PEP.0b013e318196eb37

Candeloro JM, Caromano FA. Discussão crítica sobre o uso da água como facilitação, resistência ou suporte na hidrocinesioterapia. Acta Fisiatr 2006;13(1):7-11.

Barker AL, Talevski J, Morello RT, Brand CA, Rahmann AE, Urquhart DM. Effectiveness of aquatic exercise for musculoskeletal conditions: a meta-analysis. Arch Phys Med Rehabil 2014;95(9):1776-1786. doi: 10.1016/j.apmr.2014.04.005

Bartlett DJ, Palisano R. Physical therapists’ perceptions of factors influencing the acquisition of motor abilities of children with cerebral palsy: Implications for clinical reasoning. Phys Ther 2002;82(3)237-48.

Published

2018-12-25