Sobre algumas tendências acadêmicas e literárias atuais
DOI:
https://doi.org/10.33233/fb.v13i1.441Abstract
Na área cientifica observa-se, com uma certa frequência, a participação de vários autores na elaboração de um artigo cientifico. Ainda que não seja regra, em algumas situações, o autor principal do artigo inclui nomes de colegas que efectivamente não participaram do trabalho, seja para que as absurdas metas de produção cientifica da Capes sejam alcançadas, seja por simples espirito de camaradagem. Nessas situações, o barco é tocado da seguinte forma: hoje incluo você no meu trabalho, amanhã entro no seu. Ressalte-se que, como disse acima, felizmente isso não é a regra, e a maioria dos trabalhos realizados em equipes contam com a participação de todos os pesquisadores ali citados.
Mas, se na área acadêmica é possível se escrever a quatro, oito, dezesseis e às vezes a 32 mãos, como seria no campo da literatura escrever a quatro mãos? Seria possível fazê-lo no campo ficcional? Embora soubesse que vários autores haviam dividido a autoria de livros no campo literário, julgava que eu não seria capaz de levar adiante uma obra de ficção com mais alguém. Essa impressão me levou a recusar um primeiro convite feito por Manuel Rui, escritor angolano já consagrado, que carrega em seu currículo, alem vários livros escritos, o fato de ter participado da revolução de Angola e posteriormente ter sido ministro naquele país. O convite me foi feito logo após a resenha que o autor angolano em questão fez do meu primeiro romance, "De escritores, fantasmas e mortos" (pode ser lida em bloco de notas do site www.paul-lodd.fr). Agora após o lançamento do segundo romance o convite foi refeito e, convencido pela opinião de minha mulher, resolvi aceitar o desafio. Espero poder levar até o fim essa ousada empreitada.
Uma segunda questão, envolvendo comparações entre as áreas acadêmicas e literárias é a forma como as obras ambas as áreas se fazem representar nas feiras de livros. Embora se possa observar editoras, principalmente universitárias e de instituições de pesquisas, apresentando livros de cunho cientifico, é muito raro a promoção de debates com os autores-cientistas da área de saude. Dirão alguns: o público que frequenta tais feiras ou salões não estaria interessado em tais debates. Será que em uma feira de livros como a do Rio de Janeiro ou em um Salão de Livros de Paris, que conseguem atrair 200.000 pessoas por dia, não haveria pelo menos 50 pessoas para assistir um debate de uma produção da área cientifica? Fica aqui a sugestão, caso algum leitor tenha poder decisório sobre tais feiras.
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