Avaliação neurofuncional no pré e pós-operatório de neurólise no dano neural devido í hansenías
DOI:
https://doi.org/10.33233/fb.v10i1.1494Resumo
O presente estudo teve como objetivo analisar, por meio do exame neurofuncional, a eficácia da cirurgia de neurólise em pacientes com neurite hansênica. Tratou-se de um estudo prospectivo, do tipo descritivo. Teve como universo de estudo a população portadora de neurite hansênica do Estado do Amazonas, tratada na FUAM-AM. Foram selecionados 27 participantes os quais foram triados para cirurgia eletiva de neurólise no período de outubro de2004 ajaneiro de 2005, correspondendo a 64 cirurgias eletivas. Foi realizada uma avaliação neurofuncional pré-operatória compreendendo o teste de força muscular manual, teste de sensibilidade pelos estesiômetros de Semmes-Weinstein, avaliação da dor por meio de escala analógica visual e classificação do grau de incapacidade. A mesma avaliação foi repetida um mês após a cirurgia. Os principais nervos operados foram, em ordem decrescente, medial e ulnar, fibular comum e tibial posterior. A forma clínica mais comum entre os mesmos foi a virchowiana (67%), seguida da dimorfa-virchoviana (19%), tuberculóide (7%) e dimorfa-tuberculóide (7%). Setenta e quatro por cento dos pacientes operados encontravam-se em alta clínica e 26% ainda realizavam tratamento por poliquimioterapia. A principal queixa apresentada foi dor (55%). Em relação ao grau de incapacidade, 70% apresentaram grau I e 30% apresentaram grau II. No pós-operatório, foi relatada melhora da dor em 64% das cirurgias, 30% não apresentaram alteração e 6% apresentaram piora. Cinqüenta e seis por cento dos nervos com comprometimento motor não apresentaram melhora, 32% melhoraram em até um grau e 12% apresentaram piora em até um grau. Trinta e quatro por cento dos pacientes apresentaram melhora da sensibilidade, e 66% se mostraram com quadro inalterado. De acordo com os resultados apresentados, concluímos que, pelo menos durante o período de acompanhamento do estudo não houve evolução significativa na funcionalidade dos segmentos correspondentes aos nervos operados, sob o ponto de vista da força muscular, sendo o alívio da dor e a melhora da sensibilidade os principais benefícios imediatos apresentados pelo procedimento.
Palavras-chave: hanseníase, fisioterapia, neurólise, neurite.
Referências
Cucé LC. Neto LM, Manual de dermatologia. 2a ed. São Paulo: Ateneu; 2001.
Goulart IMB, Penna GO, Cunha G. Imunopatologia da hansenÃase: a complexidade dos mecanismos da resposta imune do hospedeiro ao Mycobacterium lepre. Rev Soc Bras Med Trop 2002;35(4):365-75.
Renzo S, Panciera C. Early surgery for Hansens’s neuritis. Bologna: Associazione Italiana Amici di Raoul Follereau; 1987.
Modlin RL, Melancon-kaplan J, Young SMM, Pirmez C, Kino H, Convit J, et al. Patterns of tissue inflammation in leprosy. Proc Natl Acad Sci USA 1988; 85(4):1213-17.
Carvalho MLR, Araújo MG, Guedes ACM, Patrus OA. Reação hansênica tipo I na hansenÃase borderline tuberculóide durante a poliquimioterapia: época de aparecimento e nervos acometidos. An Bras Dermatol 1995;70(3):205-8.
Jopling WH. Handbook of leprosy. 2nd ed. London: Heinemann; 1978.
Skacel M, Antunes SLG, Rodrigues MMJ. The diagnosis of leprosy among patients with symptoms of peripheral neuropathy without cutaneous lesions: a follow-up study. Arq Neuropsiquiatr 2000;58(3B):800-7.
Talhari S, Neves RG. HansenÃase. 3rd ed. Manaus: Tropical; 1997.
Ducloyer H et al. Traumatismes des nerfs périphériques, Encyclopédie médico-chirurgicale: Kinésithérapie-médicine physique-réadaptation 1991; 26-465-A-10.
Brasil. Ministério da saúde. Manual de cirurgias. BrasÃlia: MS; 2002. p.19-21.
Jambeiro JS, Matos MA, Santana FR et al. Neurólise ulnar externa: tratamento cirúrgico e avaliação estesiométrica. Rev Bras Ortop 1999;34(3):197-200.
Fundação Alfredo da Matta. Situação epidemiológica e operacional da hansenÃase no Estado do Amazonas nos anos 2001 e 2002. Relatório da gerência de epidemiologia; 2003.
Lehman LF, Orisini MBP, Fuzikawa OPL, Lima RC, Gonçalves SD. Avaliação neurológica simplificada. Belo Horizonte: ALM Internacional; 1997.
Daniels L, Worthingham C. Provas de função muscular: técnicas de exame manual. 5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara; 1987.
Robinson AJ, Snyder-Mackler L. Eletrofisiologia clinica: eletroterapia e teste eletrofisiológico. 3ª ed. São Paulo: Manole; 2001.
Low J, Reed A. Eletroterapia explicada: princÃpios e prática. 3a ed. São Paulo: Manole; 2001.
Robles Ortega JS. HansenÃase e benefÃcios previdenciários [trabalho de conclusão de curso]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná; 2002.
Nery JAC, Vieira LMM, Matos HJ, Gallo ME, Sarno EN. Reactional states in multibacillary Hansen disease patients during multidrug therapy. Rev Inst Med Trop São Paulo 1998; 40(6):363-70.
Martelli ACC, Fleury RN, Opromolla DVA. Paciente com reação tipo I e tipo II em dez anos de seguimento. Hansen 2002; 27(2):105-11.
Rodrigues ALP, Almeida AP. Ocorrência de reações em pacientes pós-alta por cura de hansenÃase: subsÃdios para implementação de um programa de atenção especÃfica. Hansen 2000;25(1):7-16.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution 4.0 que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
