Avaliação e tratamento fisioterapêutico em sobreviventes de incêndio: resultados preliminares

Autores

  • Ana Fátima Viero Badaró Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Maria Elaine Trevisan Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Isabella Martins de Albuquerque Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Ana Lucia Cervi Prado Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Adriane Schmidt Pasqualoto Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Marisa Bastos Pereira Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v17i1.21

Resumo

Introdução: O incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria/RS, vitimou fatalmente 242 pessoas, asfixiadas pela inalação de fumaça, intoxicadas por monóxido de carbono e por cianeto de hidrogênio. Aproximadamente outras 1000 ficaram lesionadas e parte destas foi avaliada no Ambulatório de Fisioterapia do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Objetivo: Descrever os resultados preliminares do processo de avaliação e da reabilitação fí­sico-motora dos pacientes atendidos pela fisioterapia. Materiais e métodos: Estudo observacional, retrospectivo e descritivo realizado no Ambulatório de Fisioterapia do HUSM de fevereiro a dezembro de 2013. Resultados: Foram avaliados 270 pacientes (147 homens), média de idade de 26,72 ± 9,5 anos, com aproximadamente 70% apresentando algum tipo de evidência clí­nica ou comprometimento funcional que indicou a necessidade de reabilitação. Os sinais e sintomas respiratórios prevalentes foram: tosse seca e produtiva (59,2%), fadiga (35,92%), dispneia (17,7%), dor torácica (16,6%) e alteração do ritmo respiratório (11,4%). Os sintomas neurológicos relatados foram: cefaleia persistente (88,51%), perda de memória (11,4%) e parestesia (8,1%). Lesões musculoesqueléticas (14,7%) e queimaduras extensas (8,8%) também foram observadas. Foram encaminhados para a reabilitação 189 pacientes. Conclusão: Houve prevalência de sintomas respiratórios, o que levou a necessidade de um programa de reabilitação em médio e longo prazo. As queimaduras, apesar de atingirem um número menor de ví­timas, tiveram consequências mais graves devido í  associação de lesões corporais com as respiratórias.

Palavras-chave: reabilitação, lesão por inalação de fumaça, monóxido de carbono, cianeto de hidrogênio, queimaduras.

Biografia do Autor

Ana Fátima Viero Badaró, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Docente do Departamento de Fisioterapia e Reabilitação, CCS- UFSM, Programa de Pós-Graduação em Reabilitação Funcional

Maria Elaine Trevisan, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

D.Sc., Docente do Departamento de Fisioterapia e Reabilitação, Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Santa  Maria (UFSM),

Isabella Martins de Albuquerque, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

D.Sc., Docente do Departamento de Fisioterapia e Reabilitação, CCS-UFSM, Programa de Pós-Graduação em Reabilitação
Funcional,

Ana Lucia Cervi Prado, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

D.Sc., Docente do Departamento de Fisioterapia e Reabilitação, CCS- UFSM

Adriane Schmidt Pasqualoto, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

D.Sc., Docente do Departamento de Fisioterapia e Reabilitação, CCS- UFSM

Marisa Bastos Pereira, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Docente do Departamento de Fisioterapia e Reabilitação, CCS- UFSM, Programa de Pós-Graduação em Reabilitação Funcional

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Publicado

2016-06-16

Edição

Seção

Artigos originais