Repercussões pressóricas do frio local: a crioterapia deve ser administrada com precaução em pacientes hipertensos?

Autores

  • Marcelo Coertjens Universidade Federal do Piauí­

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v14i4.409

Resumo

Introdução: A crioterapia é um recurso que diminui a temperatura corporal local com finalidades terapêuticas. Uma importante repercussão é a vasoconstrição local, que seria o desencadeador de um possí­vel aumento na pressão arterial (PA). Entretanto, não existem trabalhos que comprovem essa suposição. Nossa hipótese é que os resultados das pesquisas de Cold Pressor Test (CPT) avaliando PA acabaram historicamente fundamentando as precauções da crioterapia em relação a pacientes hipertensos. Objetivo: Realizar uma revisão de literatura a respeito das pesquisas que sustentam a precaução da crioterapia em indiví­duos hipertensos e verificar sua relação com estudos que utilizaram o CPT. Material e métodos: Trata-se de uma revisão de literatura que utilizou as bases de dados online Medline, Scielo, Lilacs e Google Acadêmico para a realização da pesquisa. Resultado: Apesar de não serem unânimes, diversas pesquisas que utilizaram o CPT encontraram significativos aumentos da atividade nervosa simpática muscular e da PA em normotensos e hipertensos, entretanto não encontramos estudos que tenham comprovado respostas significativas de PA com o uso da crioterapia, principalmente, em hipertensos. Conclusão: Não existem evidências cientí­ficas que comprovem a precaução da crioterapia em indiví­duos hipertensos. Além disso, os estudos com CPT não são unânimes em relação aos aumentos pressóricos em indiví­duos normotensos e hipertensos.

Palavras-chave: crioterapia, hemodinâmica, hipertensão, pressão arterial. 

Biografia do Autor

Marcelo Coertjens, Universidade Federal do Piauí­

Professor Assistente, Curso de Fisioterapia, Universidade Federal do Piauí­, Campus Parnaí­ba/PI

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Publicado

2016-07-18