Reflexão sobre a educação í  distância no curso de graduação em fisioterapia

Autores

  • Aline Teixeira Alves UNB

DOI:

https://doi.org/10.33233/fb.v12i6.950

Resumo

A inclusão da tecnologia no processo de educação tem provocado uma revolução no processo de ensino/aprendizagem. O acesso í  Internet e o uso do computador possibilitam a rápida disseminação da informação [1].

O advento de cursos de graduação í  distância possibilitou a inclusão de indiví­duos que normalmente não teriam condições de frequentar aulas presenciais. A flexibilidade de horários, a não obrigatoriedade de frequência diária e a disponibilização ininterrupta de aulas e orientações on line aumentam consideravelmente o número de pessoas que podem ser incluí­das nesse processo de formação [2].

Com base em estudos existentes no Brasil que abordam a Educação í  Distância (EAD) na área de saúde, em especial, a fisioterapia, o objetivo da presente reflexão é propor uma estratégia de EAD para os cursos de graduação em Fisioterapia.

A formação do fisioterapeuta, como em outras áreas da saúde, envolve o contato com o paciente, a prática manual e a vivência em ambientes de clí­nica ou hospitalar. Dessa forma, assim como a teoria, a prática é essencial durante a graduação em Fisioterapia.

Em um estudo realizado com docentes do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), observou-se que o Projeto Polí­tico Pedagógico do curso de Fisioterapia era orientado por diretrizes inovadoras e que havia a possibilidade de aplicar princí­pios andragógicos no processo ensino-aprendizagem a fim de adequar o método de ensino tradicional às novas demandas do currí­culo com o propósito de qualificar o ensino em Fisioterapia [3].

Entretanto, os cursos de graduação em Fisioterapia convivem com uma limitação no uso de tecnologias da informação que se restringe ao uso de computadores nas disciplinas básicas [3], na solução de problemas administrativos e na comparação de sua utilização com o ensino tradicional [4]. Estudos mostram os benefí­cios das tecnologias de comunicação na área da saúde, como enfermagem [5], medicina [6] e odontologia [7]. Entretanto, na fisioterapia existem poucos relatos sobre o uso da EAD.

Segundo Martins [8], "há ainda certa resistência í  metodologia a distância não só para o curso de Graduação em Fisioterapia, mas também para vários outros da área da saúde, por receio quanto í  preservação da qualidade dos cursos". O mesmo defende também a aplicação de cursos semipresenciais, respeitando as especificidades de cada área, considerando que os momentos de aulas práticas em laboratórios deverão ser ministrados no modo presencial.

Berto [9] criou um material didático sobre ensino de fisioterapia respiratória que consistia em manobras de higiene brônquica e de reexpansão pulmonar e oxigenoterapia. O material foi disponibilizado na internet e o aprendizado dos alunos foi avaliado. As mí­dias utilizadas foram ví­deos, fotos e uma apostila. Os alunos tiveram acesso ao material por 15 dias. Após esse perí­odo, os alunos melhoraram o conhecimento de forma estatisticamente significante. O autor da pesquisa citada sugere que as tecnologias de comunicação podem facilitar o aprendizado em fisioterapia respiratória.

Em um estudo realizado com docentes de Fisioterapia na região metropolitana de Belo Horizonte/MG, com o objetivo de analisar a percepção do professor acerca do uso da Informática Educacional (IE) no ensino da Fisioterapia, observou-se que 60% da amostra acreditava na melhora do ensino com o uso da IE. No entanto, 75% apontaram a não-capacitação profissional docente como o principal fator de dificuldade de disseminação do uso do computador [10].

A escolha das mí­dias a serem utilizadas em um curso a distância deve ser com base no público alvo e no conteúdo. Segundo Almeida [11], a falta de interação entre as pessoas é um dos principais fatores responsáveis pela desmotivação e desistência nos cursos í  distância.

Como sugestão de modelo de EAD para alunos de fisioterapia, sugere-se o uso do modelo de ensino-aprendizagem semipresencial (MEAS) citado por Kemczinski [1], visto a importância da teoria e da prática. O MEAS intercala aulas presenciais e virtuais. O ambiente virtual incentiva o aluno para resolução de problemas, estimula a pesquisa, aplica exercí­cios dirigidos, tira dúvidas, além de oportunizar a autoaprendizagem e uso de recursos para conversação em tempo real através de bate-papo (chat) e lista de discussão [1]. Um dos pontos mais interessantes da inserção da EAD no aprendizado do aluno, é que este se torna um elemento ativo no processo de aprendizagem, com maior iniciativa e comprometimento.

Em conclusão, é possí­vel perceber que a implementação de recursos tecnológicos na educação é uma tendência real. Quanto ao curso de graduação em Fisioterapia, algumas disciplinas com conteúdo prático perderiam muito se fossem ministradas a distância. Porém, o que se pretende com esta reflexão é nada mais que aumentar o leque de possibilidades de educar e implementar instrumentos que possam inovar o conteúdo de forma que fiquem mais atrativos e interessantes para o educando.

Biografia do Autor

Aline Teixeira Alves, UNB

Doutoranda em Ciências da Saúde, Universidade de Brasí­lia – UNB

Referências

Kemczinski A, Freitas MCD, Castro JE. A transposição do conteúdo de aulas presenciais para virtuais: uma experiência no ensino de graduação. Universidade Federal de Santa Catarina: Laboratório de Sistemas de Apoio à Decisão; 2002. [citado 2011 Fev 6]. Disponível em URL:

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Publicado

2017-05-20